homem com as mãos em frente ao órgão sexual

Orquite: saiba como tratar esta inflamação testicular

7 mins. leitura

Indíce
  1. 1. O que é?
  2. 2. Sintomas
  3. 3. Causas
  4. 4. Fatores de risco
  5. 5. É contagiosa?

A orquite é uma inflamação dos testículos que pode resultar de infeções virais ou bacterianas. Um ou ambos os testículos podem ficar doridos e inchados. É essencial identificar os sintomas precocemente e consultar um urologista para tratamento adequado.

Neste artigo, vamos explicar o que é esta inflamação testicular, quais os sintomas e causas, bem como os fatores de risco, diagnóstico, tratamento e medidas de prevenção.


O que é a orquite?

A orquite é uma inflamação que pode afetar um ou os dois testículos, embora os sintomas possam surgir apenas num. Esta condição pode ser causada por infeções, tanto bacterianas como virais, sendo que uma das causas mais frequentes é a infeção pelo vírus da papeira. Outras causas incluem infeções bacterianas, muitas vezes associadas a infeções sexualmente transmissíveis (IST).

A orquite bacteriana pode estar associada a uma inflamação do epidídimo - a estrutura localizada atrás do testículo que armazena e transporta os espermatozoides - e, neste caso, é chamada orquiepididimite.


Quais os sintomas?

Os sintomas da orquite podem variar consoante a causa e a gravidade da inflamação, mas incluem frequentemente:

  • Dor no testículo afetado, que pode ser intensa e surgir de forma súbita;
  • Inchaço e sensação de peso num ou em ambos os testículos;
  • Vermelhidão e calor na área afetada;
  • Sensibilidade ao toque no escroto e na virilha;
  • Febre;
  • Náuseas e vómitos, mais comuns em casos severos;
  • Dor ao urinar e, por vezes, ejaculação dolorosa;
  • Sangue no sémen;
  • Secreção anormal do pénis em casos de orquite bacteriana associada a uma infeção sexualmente transmissível;
  • Inchaço dos gânglios linfáticos na virilha;
  • Sensação de mal-estar geral.

Em casos graves ou não tratados, a dor e o inchaço podem alastrar-se para o outro testículo ou para o escroto, e a infeção pode progredir, causando complicações.

Se sentir dor súbita ou inchaço no escroto, deve consultar um médico imediatamente, pois outras condições, como a torção testicular, podem provocar sintomas semelhantes e é necessário tratamento urgente.


Quais as causas da orquite?

A orquite pode ser causada tanto por infeções bacterianas como virais. Em alguns casos, não é possível identificar a causa da orquite.


Orquite bacteriana

Bactérias como Escherichia coli, Staphylococcus e Streptococcus podem causar esta inflamação testicular, muitas vezes associada a infeções do trato urinário ou da próstata.

Doenças sexualmente transmissíveis, como gonorreia, clamídia e sífilis, são causas frequentes de orquite, especialmente em homens sexualmente ativos, entre os 19 e os 35 anos.

A epididimite (inflamação do epidídimo) também pode evoluir para orquite, dado que as infeções na uretra ou bexiga podem propagar-se para o epidídimo e depois para os testículos.


Orquite viral

A causa viral mais comum de orquite é o vírus da papeira. Nos rapazes que contraem papeira após a puberdade, aproximadamente um terço desenvolve orquite, normalmente 4 a 6 dias após o início do inchaço das glândulas salivares.

Outras infeções virais que podem provocar orquite incluem varicela, citomegalovírus, doença mão-pé-boca (Vírus Coxsackie) e rubéola. Homens com VIH podem, em alguns casos, desenvolver orquite como uma complicação associada ao enfraquecimento do sistema imunológico.


duas bolas a simbolizar os testículos

Quais os fatores de risco?

Determinados fatores aumentam a probabilidade de desenvolver orquite, nomeadamente:

  • Não estar vacinado contra a papeira, aumentando o risco de orquite viral, especialmente em homens que contraem a doença após a puberdade;
  • Infeções recorrentes do trato urinário, que podem levar a orquite bacteriana, muitas vezes associada a epididimite;
  • Idade superior a 45 anos, que está associada a um maior risco de infeções urinárias e problemas da próstata;
  • Uso frequente de cateteres urinários, que pode facilitar a entrada de bactérias no trato urinário;
  • Comportamentos sexuais de risco, como ter múltiplos parceiros sexuais, praticar sexo sem preservativo ou ter um parceiro com uma IST;
  • Historial de infeções sexualmente transmissíveis, que pode aumentar a probabilidade de infeções bacterianas nos testículos;
  • Anomalias congénitas no trato urinário, ou seja, problemas estruturais na bexiga ou uretra desde o nascimento que aumentam o risco de infeções;
  • Cirurgias que envolvam os órgãos genitais, como a vasectomia, ou o trato urinário;
  • Trauma testicular;
  • Doença autoimune;
  • Episódios anteriores de epididimite, que podem facilitar o desenvolvimento subsequente de orquite.

Adicionalmente, condições como a hiperplasia benigna da próstata ou estenose uretral (obstrução da uretra) podem aumentar o risco de infeções que provocam orquite.


A orquite é contagiosa?

A orquite em si não é contagiosa, mas as infeções que a causam, como as IST, podem ser transmitidas entre parceiros sexuais. É essencial adotar práticas de sexo seguro para prevenir estas infeções.


homem em consulta de urologia

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico de orquite é realizado mediante uma combinação de exames físicos, análise de sintomas e testes complementares:

  • O médico faz perguntas sobre sintomas e histórico clínico, bem como um exame físico para verificar se há inchaço, vermelhidão e sensibilidade nos testículos e no escroto e para identificar gânglios linfáticos aumentados na região da virilha.
  • Pode ser necessário um exame à próstata, onde o médico realiza o toque retal para verificar se a próstata está aumentada ou inflamada.
  • Para detetar a presença de infeções, incluindo IST, como gonorreia ou clamídia, e outras bactérias que possam estar a causar a infeção, é feito um teste à urina.
  • Podem ser pedidas análises ao sangue para verificar infeções bacterianas e virais, incluindo o despiste de VIH e sífilis.
  • Pode ser realizada uma ecografia testicular para avaliar a dor nos testículos. Este exame utiliza Doppler colorido para medir o fluxo sanguíneo nos testículos e ajuda a descartar condições graves, como a torção testicular, que tem sintomas semelhantes à orquite, mas requer atenção médica urgente.
  • Se existir secreção no pénis, pode ser realizada uma colheita para análise, laboratorial para verificar a presença de infeções sexualmente transmissíveis.

Quais as opções de tratamento?

O tratamento da orquite depende se a causa é bacteriana ou viral.

Para o tratamento da orquite bacteriana, as opções de tratamento são:

  • Antibióticos para eliminar a infeção. O tratamento dura entre 10 a 14 dias e, se a infeção for sexualmente transmissível, como gonorreia ou clamídia, o parceiro sexual também deve ser tratado;
  • Medicação para a dor e anti-inflamatórios, como ibuprofeno ou naproxeno, para aliviar a dor e reduzir a inflamação;
  • Elevar o escroto com cuecas justas ou uma proteção genital desportiva e aplicar gelo, durante 15 a 20 minutos, várias vezes ao dia para aliviar o desconforto;
  • Evitar esforços físicos durante o tratamento, como levantar pesos;
  • Abster-se de relações sexuais, até que a infeção esteja completamente tratada.

Os antibióticos não funcionam nas infeções virais, como as causadas pelo vírus da papeira. Assim, o tratamento da orquite viral é focado no alívio dos sintomas, recorrendo a:

  • Anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno ou paracetamol, para reduzir a dor e o inchaço;
  • Repouso e elevação do escroto, para ajudar no alívio da pressão e desconforto;
  • Compressas frias aplicadas várias vezes ao dia no escroto.

Os sintomas de orquite viral tendem a melhorar em 3 a 10 dias, enquanto o inchaço e a sensibilidade podem demorar várias semanas até desaparecerem completamente.


Cuidados adicionais e acompanhamento

É fundamental concluir todo o tratamento antibiótico, mesmo que os sintomas melhorem antes, para garantir que a infeção seja completamente eliminada.

Se houver febre alta, náuseas ou sintomas que piorem, ou se a infeção afetar a próstata, pode ser necessário internamento hospitalar para administração de antibióticos intravenosos.

Após o tratamento, deve-se consultar o médico para confirmar que a infeção foi completamente curada e garantir que o testículo volte ao seu estado normal.

A maioria das pessoas recupera totalmente.


Quais as possíveis complicações da orquite?

Se não for tratada, a orquite pode resultar em complicações graves, como:

  • Atrofia testicular: o testículo afetado pode encolher, o que pode comprometer a produção de testosterona (hipogonadismo) e, em casos graves, levar à infertilidade.
  • Infertilidade: em casos de inflamação severa, a orquite pode causar danos aos testículos e aos canais deferentes, resultando em problemas de fertilidade. A orquite bilateral (afetando ambos os testículos) aumenta o risco de infertilidade, embora seja raro.
  • Abcesso escrotal: a infeção pode levar à formação de pus no tecido testicular, criando um abcesso, que, muitas vezes, precisa de drenagem cirúrgica.
  • Hidrocelo: acumulação de líquido no escroto, provocando desconforto e inchaço.
  • Epididimite crónica: inflamação persistente do epidídimo, que pode causar dor e desconforto a longo prazo.
  • Morte do tecido testicular devido à falta de fluxo sanguíneo adequado.
  • Fístula escrotal cutânea: uma abertura anormal na pele do escroto, que pode necessitar de tratamento cirúrgico.
  • Dor crónica (orquialgia crónica).

Medidas de prevenção

Existem algumas medidas que pode adotar para prevenir a orquite, minimizando o risco de infeções e complicações:

  • Certifique-se de que foi vacinado, especialmente na infância, para prevenir a papeira, uma das causas mais comuns de orquite viral;
  • Use preservativo durante as relações sexuais para reduzir o risco de contrair infeções sexualmente transmissíveis, como gonorreia e clamídia, que podem causar orquite bacteriana;
  • Evite comportamentos sexuais de risco, onde possa estar exposto a IST. Pergunte também ao seu parceiro sobre o seu histórico sexual, para reduzir o risco de transmissão de infeções;
  • Se tiver mais de 50 anos, inclua um exame à próstata nos seus exames anuais para detetar precocemente possíveis inflamações que possam levar a orquite.

Embora alguns casos de orquite, especialmente os relacionados com problemas congénitos do trato urinário, não possam ser evitados, seguir estas medidas pode reduzir significativamente o risco de desenvolver esta inflamação.

Reconhecer os sintomas, procurar diagnóstico e tratamento precoce, assim como adotar medidas preventivas, são fundamentais para manter a saúde masculina. Se suspeita de orquite, é aconselhável procurar um urologista para avaliação e tratamento adequados.

Aviso: O Blog Mais Saúde é um espaço meramente informativo. A Medicare recomenda sempre a consulta de um profissional de saúde para diagnóstico ou tratamento, não devendo nunca este Blog ser considerado substituto de diagnóstico médico.

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