Transpiração excessiva: descubra as causas mais comuns
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Indíce
- 1. Principais Causas
- 2. Como gerir a transpiração?
- 3. Complicações
A transpiração excessiva (hiperidrose) é uma condição que afeta muitas pessoas, causando desconforto e constrangimento. Embora seja um processo natural do corpo, o suor pode tornar-se um problema quando ocorre em excesso sem uma razão aparente, como o aumento da temperatura ou esforço físico.
Neste artigo, vamos perceber quais as causas mais comuns da hiperidrose, os fatores que a podem intensificar, as áreas do corpo mais afetadas e que medidas podem ser adotadas para gerir esta condição.
Principais causas da transpiração excessiva
Suar é um processo natural e essencial para a regulação da temperatura corporal e eliminação de toxinas. Em certas situações, como durante o exercício físico, em ambientes quentes ou em momentos de ansiedade, é comum que a transpiração seja mais intensa.
Para algumas pessoas, a transpiração excessiva torna-se um problema recorrente, mesmo em condições normais de temperatura e em situações de inatividade.
Fatores como a adolescência e a menopausa também podem influenciar o aumento da produção de suor, devido às alterações hormonais que acompanham essas fases.
Esta condição pode ser classificada como primária, quando não existe uma causa médica identificável, ou secundária, caso esteja associada a uma condição de saúde subjacente.
Conheça, a seguir, as causas mais comuns.
Fatores genéticos
Algumas pessoas têm uma predisposição genética para transpirar mais do que o normal. Esta é a chamada hiperidrose primária, que pode ser hereditária. Ou seja, se um dos pais sofre dessa condição, há uma maior probabilidade dos filhos também a apresentarem.
Manifesta-se principalmente nas mãos (hiperidrose palmar), pés (hiperidrose plantar) e axilas, mas também pode afetar o rosto, a cabeça e outras partes do corpo, como costas, pescoço, virilhas, pernas e nádegas.
Normalmente, ocorre de forma simétrica, afetando ambos os lados do corpo, e tende a surgir na adolescência ou até mesmo na infância. A transpiração excessiva não costuma acontecer durante o sono.
A causa exata permanece desconhecida, embora a ansiedade possa intensificar os sintomas. Em alguns casos, os sintomas amenizam com a idade.
Stress e ansiedade
Situações de stress emocional ou físico podem desencadear episódios de transpiração excessiva, uma vez que o corpo reage, ativando as glândulas sudoríparas.
Podem, ainda, surgir outros sintomas, como batimentos cardíacos acelerados, respiração rápida e pupilas dilatadas. Os sintomas tendem a diminuir à medida que a situação que causou o episódio resolve-se.
Contudo, a hiperidrose é comum em pessoas ansiosas. Nestes casos, podem ocorrer outros sintomas, como tremores, sensação de inquietação e dificuldade em concentrar-se ou até em dormir.
Utilizar técnicas de relaxamento, como a meditação, ou recorrer à psicoterapia pode ser útil para lidar com o stress e a ansiedade. Em algumas situações, pode também ser indicado o tratamento com antidepressivos.
Alterações hormonais
Os afrontamentos e suores noturnos são muito comuns na menopausa. As ondas de calor fazem transpirar, essencialmente no rosto, cabeça e peito. Assim, é possível acordar repentinamente durante a noite e sentir o corpo encharcado em suor.
O aumento da transpiração pode estar associado a um desequilíbrio hormonal. Outros sinais de desequilíbrio hormonal podem ser:
- Aumento de peso;
- Cansaço;
- Maior sensibilidade ao frio ou ao calor;
- Pele seca;
- Obstipação ou, pelo contrário, evacuações mais frequentes.
Na menopausa, é importante ser acompanhada por um ginecologista para o tratamento apropriado e reposição hormonal.
Além da menopausa, a gravidez, puberdade e condições relacionadas com a tireoide também podem causar alterações hormonais, resultando em transpiração excessiva.
Hipertiroidismo
O hipertiroidismo é geralmente causado por um funcionamento anormal da tiroide, que produz uma quantidade excessiva de hormonas, o que pode levar a uma transpiração exagerada. Podem surgir outros sintomas, que incluem aumento de apetite, tremores no corpo e diarreia.
É essencial consultar um endocrinologista para confirmar o diagnóstico, identificar a causa e iniciar o tratamento adequado. Este pode contemplar o uso de medicamentos beta-bloqueadores, terapia com iodo radioativo ou, em alguns casos, a remoção da tiroide.
Diabetes
Se tem diabetes, é possível sentir transpiração excessiva ou suores noturnos quando o açúcar no sangue está baixo (hipoglicemia). Existem outros sinais de alerta precoce de hipoglicemia, nomeadamente:
- Rubor;
- Tremores;
- Fome;
- Batimento cardíaco acelerado.
A transpiração excessiva pode ser também um efeito secundário da insulina ou de outros medicamentos para a diabetes. Fale com o seu médico assistente.
Cancro
Embora seja raro, alguns tipos de cancro, como linfoma, leucemia ou feocromocitoma, podem causar transpiração excessiva. Outros sintomas, como febre e perda de peso, também podem estar presentes.
Em caso de suspeita de cancro, é importante consultar um médico para uma avaliação detalhada, que pode incluir exames como biópsia de gânglios linfáticos e tomografia computorizada.
Quando o diagnóstico é confirmado, o tratamento varia conforme o tipo de cancro e pode incluir quimioterapia, cirurgia ou outras abordagens.
Infeções
A transpiração pode ser um sintoma de infeção. Algumas infeções que podem provocar suores são:
- Infeções víricas, como gripe e constipações, mononucleose, VIH e SIDA, malária, entre outras.
- Tuberculose: outros sintomas incluem tosse com sangue, dor no peito, fadiga inexplicável e febre.
- Endocardite: é uma inflamação do revestimento interno do coração, que, além da sudação noturna, pode provocar febre ou arrepios, pele pálida, dores musculares ou articulares, náuseas e sensação de peso na parte superior esquerda do abdómen.
- Osteomielite: além da transpiração, esta infeção óssea pode causar dor, vermelhidão e inchaço na zona afetada, febre, arrepios, rigidez e irritabilidade.
É importante o acompanhamento médico para determinar o diagnóstico e iniciar o tratamento da infeção.
Medicamentos
Transpirar mais do que o habitual pode ser um efeito secundário de vários tipos de medicamentos, incluindo:
- Antidepressivos;
- Medicamentos para a diabetes;
- Terapia de reposição hormonal.
Se apresentar sintomas de hiperidrose, fale com o seu médico. Não pare de tomar um medicamento, sem avaliação do seu médico.
Fatores ambientais e estilo de vida
Em ambientes quentes ou húmidos, o corpo transpira mais para regular a temperatura. Além disso, alimentos picantes, gordurosos, açucarados ou salgados, bem como alimentos com níveis elevados de proteína, e bebidas com cafeína e álcool podem também estimular as glândulas sudoríparas e, consequentemente, aumentar a transpiração quando consumidos.
Outras causas de hiperidrose
Existem muitas outras condições que podem levar à transpiração excessiva, nomeadamente:
- Doenças autoimunes;
- Neuropatia autonómica;
- Doença de Hodgkin;
- Siringomielia;
- Acromegalia;
- Doença cardíaca ou insuficiência cardíaca;
- Obesidade;
- Doença de Parkinson;
- Doença neurológica;
- Abstinência de álcool;
- Abstinência de canábis, cocaína ou opióides.
Áreas afetadas pela hiperidrose e como gerir a transpiração excessiva
A hiperidrose primária é atribuída à hiperatividade do sistema nervoso simpático, nomeadamente à Cadeia do Gânglio Simpático Torácico, que regula as glândulas sudoríparas. A parte específica da cadeia que se torna hiperativa determina que áreas do corpo são afetadas pela transpiração excessiva.
Mãos
A hiperidrose palmar é uma das formas mais comuns de transpiração excessiva, sendo que muitas pessoas também apresentam hiperidrose nos pés. Ter as mãos constantemente húmidas pode dificultar tarefas simples, como escrever ou usar ferramentas, e pode ser embaraçoso ao cumprimentar alguém.
Os antitranspirantes à base de cloreto de alumínio são bastante eficazes, devendo ser aplicados na pele limpa e seca, à noite. Outra opção de tratamento é a iontoforese, que é bem-sucedida em cerca de 85% dos casos. A simpaticectomia torácica endoscópica é uma cirurgia radical que pode ser considerada, mas apresenta potenciais efeitos secundários graves.
Pés
A hiperidrose plantar é também um problema frequente, resultando em pés constantemente húmidos, que podem danificar o calçado e causar infeções fúngicas. O uso de calçado sintético e meias de fibra sintética agrava a situação.
Para evitar o mau cheiro e problemas associados, é aconselhável lavar os pés regularmente, usar meias de algodão e alternar os sapatos. Antitranspirantes e palmilhas de bambu também podem ser benéficos. A iontoforese é uma alternativa eficaz, caso os antitranspirantes não funcionem.
Axilas
A transpiração excessiva nas axilas (hiperidrose axilar) é outra área comum afetada, que pode impactar a vida social e profissional, levando as pessoas a tentar esconder as manchas de suor nas roupas.
Recomenda-se evitar tecidos sintéticos, usar protetores de roupa e aplicar antitranspirantes com cloreto de alumínio durante a noite. Tratamentos com toxina botulínica também são uma opção, embora nem sempre estejam disponíveis.
Rosto e cabeça
A hiperidrose craniofacial, que afeta o rosto e o pescoço, é frequentemente acompanhada de rubor facial. Este tipo de transpiração pode causar desconforto significativo.
Os tratamentos incluem antitranspirantes potentes e toxina botulínica, sendo esta última aplicada apenas por médicos experientes devido aos potenciais riscos.
Membro residual em amputados
Os amputados podem experienciar hiperidrose no membro residual. Embora a razão exata não seja conhecida, acredita-se que seja uma compensação das glândulas sudoríparas remanescentes. Não há um tratamento padrão, mas as opções são similares às utilizadas em outras áreas afetadas pela transpiração excessiva.
Outras áreas
A hiperidrose pode afetar outras regiões do corpo, como as costas, o peito e as virilhas. Nesses casos, é importante investigar se existe uma condição médica subjacente ou se os sintomas são provocados por medicamentos.
Transpiração generalizada
Suar de forma generalizada é frequentemente um sinal de hiperidrose secundária. É fundamental consultar um médico para identificar potenciais condições médicas ou efeitos secundários de medicamentos.
Complicações da transpiração excessiva
Embora, por si só, a hiperidrose não represente nenhum risco maior para a saúde, pode causar complicações como:
- Uma infeção na pele;
- Alterações na pele, descoloração, fissuras ou rugas;
- Maceração da pele.
Pode igualmente ter impacto na saúde mental. A intensidade da transpiração pode levar a evitar gestos comuns, como levantar os braços ou cumprimentar alguém com um aperto de mão. Pode até implicar deixar de fazer atividades de que se gosta para evitar situações de desconforto ou constrangimento.
Se a hiperidrose estiver a afetar o seu bem-estar social e emocional, procure aconselhamento médico.