Perturbações alimentares: o que são e como detetá-las
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Indíce
- 1. O que são?
- 2. Principais Sintomas
- 3. Perturbações mais comuns
- 4. Diagnóstico e Tratamento
- 5. Prevenção
As perturbações alimentares têm, nos últimos anos, gerado bastante preocupação, devido à sua prevalência e impacto negativo na sociedade.
São condições de saúde mental complexas que afetam a relação da pessoa com a comida, peso e imagem corporal. Podem ter consequências graves se não forem identificadas e tratadas a tempo.
Neste artigo, vamos explicar o que são as perturbações alimentares, quais os tipos mais comuns e como detetá-las precocemente.
O que são perturbações alimentares?
As perturbações alimentares são distúrbios psicológicos que envolvem padrões de comportamento alimentar disfuncional e preocupações excessivas com a imagem corporal e o peso.
Estas condições podem levar a uma variedade de consequências negativas para a saúde física, emocional e social. Podem, ainda, resultar em morte se não forem tratadas.
São vistas como um problema de saúde pública, por atingirem milhões de pessoas globalmente. Embora possa afetar mulheres e homens de qualquer idade, é mais frequente em adolescentes e jovens adultos do sexo feminino.
A maioria das pessoas com perturbações do comportamento alimentar não reconhece que tem um problema de saúde.
Algumas das perturbações alimentares mais comuns incluem a anorexia nervosa, bulimia nervosa e ingestão alimentar compulsiva.
Principais sintomas
Identificar precocemente uma perturbação alimentar é fundamental para prevenir complicações de saúde e proporcionar tratamento adequado. Estas são algumas pistas comportamentais e físicas que podem indicar um problema desta ordem:
- Preocupação excessiva com o peso e a imagem corporal;
- Evitar eventos ou encontros sociais sempre que há comida envolvida;
- Comer muito pouco;
- Tomar laxantes depois de comer;
- Praticar exercício físico em excesso;
- Restrição severa de alimentos, como evitar certos grupos alimentares ou adotar padrões alimentares extremos;
- Sensação de frio, cansaço ou tontura;
- Dores, formigueiro ou dormência nos braços e nas pernas;
- Sensação de batimentos cardíacos acelerados, desmaio ou sensação de desmaio;
- Problemas digestivos, como inchaço, prisão de ventre ou diarreia;
- Flutuações de peso inexplicáveis;
- Ausência de menstruação (amenorreia) ou ciclos menstruais irregulares.
Também podem ocorrer mudanças emocionais, como depressão, ansiedade e irritabilidade.
Perturbações alimentares mais comuns
As perturbações alimentares estão muitas vezes ligadas a outros distúrbios como depressão, ansiedade, pânico, transtorno obsessivo-compulsivo e abuso de álcool ou drogas. A hereditariedade pode desempenhar um papel no surgimento desses distúrbios, mas estes também afetam pessoas sem histórico familiar.
Conheça, a seguir, as perturbações do comportamento alimentar mais comuns.
Anorexia nervosa
As pessoas com anorexia nervosa têm um medo exagerado de engordar, o que as leva a restringir drasticamente a ingestão de alimentos, resultando em emagrecimento extremo e problemas de saúde graves. Isto acontece porque têm uma perceção distorcida do próprio corpo, isto é, pensam que têm peso a mais, mesmo estando muito magras.
Desenvolve-se, normalmente, durante a adolescência e afeta mais mulheres do que homens.
A anorexia nervosa pode causar infertilidade, enfraquecimento de ossos, cabelos e unhas. Em casos graves, pode provocar insuficiência cardíaca, falência múltipla de órgãos e morte.
Bulimia nervosa
Indivíduos com bulimia nervosa tendem a consumir grandes quantidades de alimentos num curto período de tempo.
Após estes episódios de compulsão alimentar, tentam compensar por meio da purgação, recorrendo à autoindução do vómito, ao jejum, ao uso excessivo de laxantes ou ao exercício físico intenso.
Também se desenvolve durante a adolescência, afetando mais mulheres que homens. As principais complicações envolvem garganta inflamada, glândulas salivares inchadas, erosão dentária, cáries, problemas gástricos e intestinais, desidratação grave e distúrbios hormonais.
Em casos mais críticos, pode causar desequilíbrios nos níveis de eletrólitos, insuficiência renal, problemas cardíacos, entre outros.
Ingestão alimentar compulsiva
A ingestão alimentar compulsiva é caraterizada por episódios regulares de consumo excessivo de alimentos. Durante estes momentos, a pessoa perde o controlo sobre o que está a comer e só deixa de comer quando se sente completamente saciada.
Ao contrário da bulimia, estes episódios não são seguidos por comportamentos purgativos como, por exemplo, a autoindução do vómito.
Por norma, esta perturbação desenvolve-se durante a adolescência, mas pode revelar-se mais tarde.
Geralmente, as pessoas com compulsão alimentar ingerem alimentos pobres em nutrientes. Isto pode aumentar o risco de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica.
Outras perturbações do comportamento alimentar
Além das perturbações alimentares mencionadas, existem outros distúrbios alimentares menos conhecidos, ou menos comuns, que se podem enquadrar nas seguintes categorias:
- Distúrbio de purga: as pessoas adotam comportamentos de purga, como vómitos, uso de laxantes, diuréticos ou atividade física excessiva, para controlar o peso, mas não comem em excesso;
- Síndrome de comer à noite: envolve a ingestão de grandes quantidades de alimentos durante a noite, após acordar do sono. Isto pode estar associado a sentimentos de angústia e culpa;
- Outros transtornos alimentares não especificados: engloba qualquer outra perturbação com sintomas semelhantes aos de um distúrbio alimentar, mas que não se encaixa nas categorias anteriores. É o caso da ortorexia, que se carateriza por uma obsessão relativa à alimentação saudável, ao ponto de interferir com a vida diária. Por exemplo, podem ser eliminados grupos inteiros de alimentos com receio de que não sejam saudáveis. Isto pode causar desnutrição e uma perda significativa de peso, ainda que não seja esse o objetivo da pessoa. Quem sofre deste problema pode sentir dificuldade em comer fora de casa e angústia emocional.
Diagnóstico e tratamento
As pessoas com perturbações alimentares, por norma, não reconhecem que têm um problema de saúde e, por isso, recusam ajuda, dificultando desta forma o diagnóstico e tratamento.
No entanto, se não forem tratadas, as perturbações do comportamento alimentar podem levar a condições perigosas como desnutrição e risco de morte súbita, devido a problemas cardíacos.
Assim, se manifesta sintomas de uma perturbação alimentar ou conhece alguém que possa estar nessa situação, é importante procurar ajuda médica para apoio e orientação adequados. Com cuidados apropriados, é possível recuperar bons hábitos alimentares e voltar a ter uma vida saudável.
Os planos de tratamento são individualizados e envolvem, normalmente, uma abordagem multidisciplinar, que inclui psiquiatras, psicólogos, nutricionistas e outros profissionais de saúde, se necessário.
As alternativas de tratamento abrangem a psicoterapia individual, em grupo ou familiar. Por exemplo, a terapia cognitivo-comportamental pode ser recomendada para ajudar a diminuir ou eliminar comportamentos como episódios de compulsão alimentar, purga e restrição alimentar.
Pode também ser indicado pelo médico a toma de medicamentos como antidepressivos, antipsicóticos ou estabilizadores de humor, para auxiliar no tratamento do distúrbio alimentar ou de outras condições que existam simultaneamente, como a depressão ou a ansiedade.
Há, ainda, a orientação nutricional que engloba consultas com um nutricionista para aprender sobre nutrição adequada e hábitos alimentares saudáveis.
É possível prevenir perturbações do comportamento alimentar?
Embora não se possa falar propriamente em prevenção, é importante detetar precocemente e corrigir comportamentos que possam eventualmente avançar para distúrbios alimentares.
Perante um comportamento alimentar prejudicial para a qualidade de vida da pessoa ou para a sua imagem, é fundamental procurar a orientação de um profissional de saúde para evitar, assim, a escalada do problema.
Além disso, ao lidar com crianças, é crucial promover hábitos alimentares saudáveis e desencorajar dietas, especialmente quando são demasiado restritivas.
As refeições em família são uma boa ocasião para transmitir os benefícios de uma alimentação saudável, bem como para falar dos riscos associados a uma dieta mal orientada.