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Que procedimentos de cirurgia bariátrica existem?
• 8 mins. leitura
Indíce
- 1. O que é?
- 2. A quem é indicada?
- 3. Preparações necessárias
- 4. Como é realizada?
- 5. Tipo de cirurgia
A cirurgia bariátrica ou metabólica, cirurgia da obesidade ou cirurgia de redução do estômago, consiste numa intervenção no estômago para ajudar pessoas a tratar obesidade grave e melhorar condições relacionadas.
Este tipo de cirurgia é recomendada quando a dieta e o exercício não são eficazes ou quando o peso representa um risco grave para a saúde. Um dos procedimentos mais comuns é o bypass gástrico.
Apesar dos benefícios, envolve riscos e exige mudanças permanentes na dieta e no estilo de vida. Neste artigo, explicamos os diferentes tipos de cirurgia para o tratamento da obesidade, o que cada um implica e como é o processo de recuperação.
O que é a cirurgia bariátrica?
A cirurgia bariátrica consiste num conjunto de procedimentos que promovem uma perda de peso significativa em pessoas com obesidade severa.
Esta cirurgia pode reduzir o volume do estômago ou alterar o modo como o organismo absorve nutrientes, ajudando a alcançar uma redução de peso sustentada. A sua eficácia é amplamente reconhecida tanto na perda de peso como no tratamento de doenças associadas à obesidade, como diabetes tipo 2, hipertensão e apneia do sono.
Os diferentes tipos de procedimentos bariátricos podem limitar a quantidade de alimentos ingerida, reduzir a absorção de gorduras e calorias pelo organismo, ou até combinar ambas as abordagens.
A quem é indicada a cirurgia bariátrica?
A cirurgia bariátrica é indicada, principalmente, a indivíduos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 40 (obesidade grau III) ou a pacientes com IMC de 35 (obesidade grau II) que sofram de doenças graves relacionadas com a obesidade, como diabetes ou problemas cardiovasculares.
Esta intervenção é recomendada a pessoas que, após diversas tentativas de perda de peso mediante dieta e exercício, não conseguiram alcançar resultados satisfatórios e duradouros.
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Preparações necessárias
Antes de uma cirurgia bariátrica, é necessário passar por uma avaliação física e mental rigorosa com uma equipa multidisciplinar, que inclui médicos, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais de saúde. Esta avaliação ajuda a determinar a aptidão do paciente para o procedimento e a identificar os cuidados necessários para o período pós-operatório.
Algumas exigências podem incluir a modificação de hábitos alimentares para reduzir a gordura abdominal, diminuindo assim o risco de complicações, bem como a cessação tabágica e o ajuste de medicação. Também são realizados exames médicos completos, incluindo análises sanguíneas, eletrocardiograma e exames de imagem.
Como é realizado o procedimento cirúrgico?
Os procedimentos de cirurgia bariátrica são geralmente feitos por via laparoscópica, uma técnica minimamente invasiva que utiliza pequenas incisões. Esta técnica diminui o tempo de recuperação, reduz a dor e diminui o risco de complicações.
A cirurgia convencional (cirurgia aberta) é rara e utilizada apenas em pacientes com condições específicas.
Dependendo do tipo de cirurgia, o procedimento pode envolver a redução do tamanho do estômago, a remoção de parte do intestino ou a criação de novas ligações no sistema digestivo.
Estes procedimentos são todos realizados sob anestesia geral.
Tipos de cirurgia bariátrica
Os procedimentos de cirurgia bariátrica atuam modificando o sistema digestivo – geralmente o estômago e, por vezes, também o intestino delgado – para regular a quantidade de calorias que o paciente pode consumir e absorver. Podem também reduzir os sinais de fome enviados do sistema digestivo para o cérebro.
Existem vários tipos de cirurgia bariátrica, cada um com técnicas e finalidades específicas. Apresentam, também, vantagens e desvantagens, e a escolha depende de fatores individuais, como o estado de saúde e as metas de perda de peso do paciente.
É importante discutir com o médico qual a melhor opção para garantir uma abordagem personalizada e eficaz.
Bypass Gástrico (Roux-en-Y)
Este é um dos métodos de cirurgia bariátrica mais comuns e, geralmente, é irreversível.
O cirurgião cria uma pequena bolsa na parte superior do estômago, com capacidade para cerca de 30 gramas de alimentos, isolando-a do restante do estômago. Depois, liga esta nova bolsa diretamente ao intestino delgado, contornando a maior parte do estômago e a primeira parte do intestino. Desta forma, reduz-se tanto a capacidade de ingestão de alimentos como a absorção de calorias e gordura.
Gastrectomia Vertical (Sleeve Gástrico)
Neste procedimento, cerca de 80% do estômago é removido, formando uma bolsa em forma de tubo (Sleeve), que reduz significativamente a quantidade de alimentos que o paciente consegue ingerir e diminui a produção de grelina, a hormona que regula o apetite.
Esta técnica é popular, porque não envolve desvio intestinal e permite um tempo de recuperação mais curto.
Derivação Biliopancreática com Switch Duodenal (BPD/DS)
Esta cirurgia envolve duas etapas. Na primeira, é realizada uma gastrectomia vertical e, na segunda, o intestino é redirecionado para que a bílis e os sucos digestivos apenas entrem em contacto com os alimentos perto do final do intestino.
Este procedimento reduz drasticamente a absorção de nutrientes, sendo eficaz na perda de peso e na melhoria de condições como a diabetes, embora apresente riscos maiores, como desnutrição e carências vitamínicas.
Bypass Duodenoileal de Anastomose Única com Gastrectomia Vertical (SADI-S)
Este método é semelhante ao BPD/DS e também inclui duas etapas, começando com uma gastrectomia vertical. Na segunda etapa, uma secção do intestino (duodeno) é ligada ao íleo, parte inferior do intestino delgado, redirecionando a maior parte dos alimentos.
Esta técnica reduz a absorção de nutrientes significativamente, embora menos intensamente do que o switch duodenal original.
Banda Gástrica Ajustável
Uma faixa de silicone é colocada na parte superior do estômago para criar uma pequena bolsa. A faixa pode ser ajustada para apertar ou soltar o estômago conforme necessário, controlando a quantidade de alimentos ingeridos.
Este procedimento é menos invasivo, permite uma recuperação rápida, mas requer monitorização contínua para ajustes.
Balão Gástrico
Um balão preenchido com solução salina é colocado no estômago para ocupar espaço, limitando a quantidade de alimentos que o paciente pode ingerir. O balão é temporário e, normalmente, é removido após seis meses.
É um procedimento rápido e reversível, ideal para perdas de peso a curto prazo.
Gastroplastia Endoscópica
Este procedimento minimamente invasivo utiliza um tubo com câmara e dispositivo de sutura para reduzir o tamanho do estômago em cerca de 80%, sem cortes ou agrafos. Normalmente, o paciente pode ter alta no mesmo dia, e o procedimento é reversível, caso seja necessário.
Cuidados pós-operatórios e tempo de recuperação
No pós-operatório, são prescritos analgésicos para aliviar a dor. É importante estar atento a sinais como vermelhidão, inchaço ou secreções na incisão, dor abdominal contínua ou intensa e separação dos pontos, que requerem atenção médica imediata.
Durante as duas primeiras semanas, a dieta deve ser líquida. Neste período, devem ser consumidos líquidos ricos em proteína, em pequenas quantidades e distribuídos ao longo do dia, para manter a hidratação e o aporte nutricional.
Nas semanas seguintes, a dieta progride gradualmente para alimentos em puré e, ao fim de quatro semanas, é possível começar a consumir alimentos sólidos. Mastigar bem e comer devagar, em pequenas porções, são hábitos essenciais para evitar desconforto e facilitar a digestão. A ingestão de líquidos durante as refeições deve ser evitada.
A recuperação total pode durar entre quatro a seis semanas, com regresso gradual às atividades normais.
Os pacientes devem iniciar caminhadas e exercícios leves logo após a cirurgia para evitar complicações, como coágulos sanguíneos. Atividades mais intensas, como levantamento de peso ou trabalho físico, devem ser evitadas por cerca de seis semanas ou até autorização médica.
Após a cirurgia bariátrica, é essencial o acompanhamento médico e nutricional de longo prazo, para monitorizar os níveis de vitaminas e minerais, a saúde geral e a adesão ao novo estilo de vida alimentar.
Mulheres que desejam engravidar após a cirurgia devem aguardar entre 15 e 18 meses, para garantir que o peso se estabilize e evitar riscos para o feto.
Em casos de grande perda de peso, pode ser recomendada uma cirurgia para remoção do excesso de pele, após a estabilização do peso, o que acontece aproximadamente dois anos após a cirurgia.
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Quanto peso se pode perder após uma cirurgia bariátrica?
A perda de peso varia consoante o tipo de procedimento e o comprometimento do paciente com o plano de tratamento.
Em média, pode-se esperar uma perda de 50% a 70% do excesso de peso. No caso do bypass gástrico, a perda de peso situa-se entre 50% e 65% após dois anos, enquanto outros procedimentos, como a gastrectomia vertical, resultam em perdas entre 33% e 58%.
Geralmente, o sucesso da cirurgia é definido como a perda de 50% do excesso de peso e a sua manutenção. Com este critério, a taxa de sucesso é de cerca de 90%.
A maior parte da perda de peso ocorre nos primeiros dois anos após a cirurgia, e a partir desse ponto, o peso tende a estabilizar. Em alguns casos, há uma ligeira recuperação de peso (menos de 25% da perda inicial), mas, normalmente, esta variação é pequena.
É importante lembrar que, além da cirurgia, alcançar e manter o peso pretendido depende da adesão a hábitos de vida saudáveis, incluindo uma dieta equilibrada, a toma de suplementos vitamínicos (mediante orientação médica) e a prática de exercício físico regular.
Quais os benefícios?
Os principais benefícios da cirurgia bariátrica incluem uma perda de peso significativa e sustentada, o que a torna o único tratamento comprovadamente eficaz para a obesidade grau III a longo prazo.
Além da perda de peso, muitas pessoas conseguem melhorar ou até resolver condições de saúde frequentemente associadas ao excesso de peso, tais como:
- Doenças cardíacas;
- Hipertensão;
- Colesterol elevado;
- Diabetes tipo 2;
- Apneia do sono;
- Esteatose hepática (fígado gordo).
Também contribui para uma vida mais longa e saudável. O risco de morte por várias causas, incluindo problemas cardíacos e alguns tipos de cancro, diminui em mais de 40% após a cirurgia bariátrica.
Além dos benefícios físicos, a cirurgia pode melhorar a capacidade para realizar atividades diárias e, assim, elevar a qualidade de vida. Muitos problemas associados à obesidade, como dores articulares, problemas de pele e distúrbios respiratórios, tendem a desaparecer ou a tornar-se menos graves.
A cirurgia bariátrica apresenta riscos?
Embora seja um procedimento seguro e eficaz para a perda de peso, apresenta alguns riscos, tanto a curto como a longo prazo. Complicações possíveis incluem eventos tromboembólicos, infeção de feridas e obstruções intestinais.
Em procedimentos como bypass gástrico e gastrectomia, existe um pequeno risco de fuga na nova conexão entre o estômago e o intestino, o que pode causar uma infeção abdominal grave.
Além disso, é possível desenvolver cálculos biliares devido à rápida perda de peso, bem como pedras nos rins e gota. Outro risco é a desnutrição, uma vez que alguns nutrientes essenciais, como as vitaminas B12 e D, cálcio e ferro, podem ser menos absorvidos após a cirurgia, exigindo a toma de suplementos de forma contínua.
A longo prazo, e dependendo do tipo de procedimento realizado, podem ocorrer complicações digestivas, como a síndrome de dumping, refluxo biliar e úlceras. Existe, ainda, um pequeno risco de mortalidade associado a complicações graves, como embolia pulmonar, infeções graves e problemas cardíacos.
O médico fornecerá informações detalhadas sobre esses riscos e as medidas para os prevenir, além de orientações dietéticas e estilo de vida, essenciais para reduzir os efeitos secundários e melhorar os resultados da cirurgia.
Outros métodos para tratamento da obesidade
Além da cirurgia bariátrica, existem outros métodos de tratamento da obesidade, como dietas específicas, programas de exercício físico, medicamentos para a perda de peso e terapias comportamentais.
Estes métodos são frequentemente recomendados antes da cirurgia bariátrica e podem ser suficientes para pessoas com níveis de obesidade mais baixos ou que preferem uma abordagem não cirúrgica.
O sucesso a longo prazo requer acompanhamento médico contínuo e mudanças no estilo de vida, como dieta equilibrada e atividade física regular.