mulher com um ar triste

Distimia: o que fica, quando a depressão não passa?

5 mins. leitura

Indíce
  1. 1. O que é a distimia?
  2. 2. Sintomas
  3. 3. Causas
  4. 4. Diagnóstico
  5. 5. Tratamento

A distimia, também conhecida como transtorno depressivo persistente, é uma forma de depressão crónica.

Sentir-se triste ou desanimado faz parte da vida, mas quando essa tristeza se torna constante e afeta significativamente o quotidiano, é importante procurar aconselhamento médico. Uma combinação de medicação e psicoterapia pode ser eficaz no tratamento.

Encontre, a seguir, informações sobre sintomas, opções de tratamento disponíveis e estratégias para lidar com este transtorno.


O que é a distimia?

A distimia é uma forma de depressão crónica que, embora menos intensa do que a depressão major, tem uma duração significativamente mais longa, podendo persistir por anos.

A depressão major é caraterizada por sintomas intensos e persistentes que afetam gravemente a funcionalidade da pessoa, enquanto a depressão minor apresenta sintomas semelhantes, mas de menor quantidade e intensidade.

As pessoas que sofrem de transtorno depressivo persistente descrevem frequentemente um estado constante de tristeza, desânimo e baixa autoestima, que parecem fazer parte da sua personalidade, devido à natureza contínua dos sintomas.

Os sintomas são semelhantes aos da depressão major, mas a chave para o diagnóstico está na longa duração e não na intensidade dos sintomas.

É importante notar que, embora os sintomas possam ser mais moderados, a perturbação depressiva persistente pode evoluir para um episódio completo de depressão grave, condição conhecida como "dupla depressão". Além disso, devido à sua natureza persistente, pode interferir, consideravelmente, na vida diária, afetando o desempenho escolar, o trabalho e as relações pessoais.


Quais são os sintomas?

O principal sintoma da distimia é um estado constante de tristeza. Em crianças e adolescentes, este estado pode manifestar-se como irritabilidade ou impaciência. Outros sintomas do transtorno depressivo persistente incluem:

  • Falta de apetite ou excesso de apetite;
  • Insónia ou sonolência excessiva;
  • Fadiga constante;
  • Baixa autoestima, autocrítica ou sentimento de incapacidade;
  • Falta de concentração ou dificuldade em tomar decisões;
  • Desânimo e desmotivação;
  • Sentimento de inutilidade ou isolamento;
  • Falta de energia;
  • Dificuldades no trabalho ou na escola;
  • Sentimento de desesperança ou vazio;
  • Perda de interesse pelas atividades diárias;
  • Dificuldade em realizar tarefas bem e no prazo estipulado;
  • Evitar atividades sociais;
  • Sentimentos de culpa e preocupações com o passado.

rapariga com um olhar triste e vazio

O que pode causar o transtorno depressivo persistente?

Estima-se que a depressão, onde se inclui o transtorno depressivo persistente, afete cerca de 12% da população global. As causas exatas da distimia não são completamente compreendidas, mas acredita-se que seja resultado de uma complexa interação entre fatores biológicos, genéticos, psicológicos e sociais.


Causas biológicas e químicas

A perturbação depressiva persistente pode estar relacionada com baixos níveis de serotonina, um neurotransmissor que desempenha um papel crucial na regulação das emoções e do bem-estar.

A serotonina não só influencia o humor, como também diversas outras funções corporais. Alterações em circuitos cerebrais ou nas vias de células nervosas que controlam o humor também podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno.


Fatores genéticos e hereditários

É um fator de risco, apesar de não ser taxativo que a pessoa vai ter distimia, a probabilidade é maior.

Algumas pessoas com histórico familiar de depressão não desenvolvem a condição, enquanto outras sem esse histórico acabam por manifestá-la. Ainda assim, o transtorno depressivo persistente tende a ocorrer em famílias, sugerindo uma predisposição hereditária.


Fatores psicológicos e traços de personalidade

Certos traços de personalidade, como baixa autoestima, dependência excessiva, autocrítica severa e uma tendência para o pessimismo, podem aumentar o risco de desenvolver distimia.

Um histórico de outras condições de saúde mental, como ansiedade ou transtorno bipolar, pode predispor uma pessoa ao desenvolvimento da condição.


Fatores sociais e ambientais

Eventos de vida stressantes ou traumáticos, como a perda de alguém querido, problemas financeiros ou dificuldades nos relacionamentos, podem atuar como gatilhos para a distimia.

A exposição prolongada ao stress pode, de facto, perpetuar a condição. A distimia geralmente começa cedo na vida — na infância, adolescência ou início da vida adulta — e pode ser exacerbada pelo stress crónico.


Fatores de risco adicionais

Certos fatores adicionais podem aumentar o risco de desenvolver distimia, nomeadamente:

  • Condições de saúde crónicas, como doenças cardíacas ou diabetes, têm sido associadas a uma maior incidência de distimia, provavelmente devido ao impacto contínuo dessas doenças no bem-estar geral.
  • O abuso de substâncias, como drogas e álcool, está frequentemente relacionado com a depressão, incluindo o transtorno depressivo persistente, com uma alta prevalência de comorbidade entre esses transtornos.
  • As mulheres têm maior probabilidade de desenvolver distimia do que os homens. A condição pode ser subdiagnosticada em homens, os quais, muitas vezes, têm menor disposição a procurar ajuda médica para questões emocionais.

cartões que expressam tristeza e alegria

Como é feito o diagnóstico da distimia?

O diagnóstico envolve uma avaliação clínica detalhada e a exclusão de outras condições médicas.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-5), os critérios para diagnosticar distimia incluem um quadro de humor deprimido, na maior parte dos dias, e presença de pelo menos mais dois sintomas caraterísticos da condição.

Esse quadro deve manifestar-se durante pelo menos dois anos, nos adultos, e um ano, nas crianças e adolescentes.

O processo de diagnóstico começa com o reconhecimento inicial dos sintomas por parte dos médicos assistentes, os quais, ao suspeitarem de depressão, podem encaminhar o paciente para um especialista de saúde mental.

Durante a avaliação clínica, o especialista faz uma entrevista detalhada e pode utilizar questionários específicos para identificar os sintomas depressivos.

O médico realiza um exame físico e pode solicitar exames de sangue e urina para descartar outras causas, como hipotiroidismo, anemia ou estados induzidos por substâncias.

É também necessário diferenciar a distimia de outros transtornos depressivos, como depressão profunda, transtorno bipolar, transtornos psicóticos, transtornos de personalidade e depressão sazonal.

Muitas pessoas com distimia podem hesitar em procurar ajuda por vergonha ou medo de serem rotuladas, o que pode atrasar o diagnóstico.


Que opções de tratamento existem?

O tratamento do transtorno depressivo persistente combina, por norma, psicoterapia e medicação para ajudar a reduzir a gravidade e a duração dos sintomas.

A terapia cognitivo-comportamental é frequentemente utilizada para corrigir padrões de pensamento negativos, enquanto a psicoterapia psicodinâmica pode ajudar a resolver conflitos interpessoais.

Antidepressivos, como os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) e Inibidores de Recaptação de Serotonina e Norepinefrina (IRSN), são comummente prescritos para tratar a distimia.

Ainda que os antidepressivos possam ter efeitos colaterais, como disfunções sexuais ou aumento temporário da ansiedade, a maioria das pessoas vê uma melhoria em duas a seis semanas de tratamento.

Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dosagem ou experimentar diferentes medicamentos até encontrar o mais eficaz. Medicamentos mais antigos, como os antidepressivos tricíclicos, também podem ser eficazes para alguns pacientes.

Existe um debate sobre o risco de suicídio associado ao início do tratamento antidepressivo. Contudo, a maioria dos especialistas concorda que os benefícios superam os riscos, desde que o paciente seja monitorizado.

Em determinadas situações, pode ser necessário combinar dois antidepressivos, ou adicionar um estabilizador de humor, ou medicamento ansiolítico para obter melhores resultados.


Como lidar com uma pessoa com transtorno depressivo persistente?

É importante reconhecer que a depressão pode alterar a vida pessoal e familiar e as pessoas que sofrem desta condição, muitas vezes, não recebem a compreensão necessária.

Lidar com uma pessoa com transtorno depressivo persistente pode ser desafiante, mas existem maneiras de oferecer apoio efetivo, tais como:

  • Passar tempo com a pessoa, pois esta precisa de companhia e apoio emocional;
  • Escutar a pessoa sem julgamentos;
  • Realizar atividades em conjunto, como passeios ou exercícios físicos;
  • Evitar discussões e abordar a pessoa com paciência.

É também importante que cuide de si. Estar física e psicologicamente equilibrado torna-o mais capaz de ajudar.

Se suspeitar que a pessoa possa estar a pensar em suicídio, não tenha medo de perguntar diretamente. Se a resposta for sim, incentive-a a procurar ajuda médica ou acompanhe-a até um médico, nunca a deixando sozinha.


Viver com distimia

Seguir o plano de tratamento de forma consistente, não faltar às sessões de psicoterapia ou às consultas e tomar os medicamentos, é essencial para quem vive com um diagnóstico de distimia.

A par disso, é importante ter outros cuidados, tais como:

  • Informe-se sobre a distimia, pois entender a condição pode aumentar a sua motivação para seguir o tratamento. Incentive a sua família e amigos a aprender também, para que possam oferecer melhor apoio.
  • Fique atento aos sinais de alerta. Trabalhe com o seu médico ou psicólogo para identificar o que pode desencadear os seus sintomas e desenvolva um plano de ação caso piorem ou retomem. Informe o seu médico ou psicólogo sobre qualquer mudança nos sintomas ou no seu estado emocional, e envolva os familiares ou amigos na monitorização desses sinais.
  • Cuide de si, adotando uma alimentação saudável, praticando atividades físicas e garantindo um bom sono. Envolva-se em atividades de que goste, como caminhar, correr, nadar ou jardinagem, e priorize um bom descanso. Se tiver dificuldade em dormir, fale com o seu médico sobre o que pode ser feito.
  • Evite o consumo de álcool e drogas recreativas, pois pioram a situação a longo prazo, dificultando o tratamento. Se precisar de ajuda para lidar com o uso de álcool ou drogas, converse com o seu médico.
  • Mantenha o foco nos seus objetivos. Enfrentar o transtorno depressivo persistente é um processo contínuo. Estabeleça metas realistas e lembre-se delas para se manter motivado. Contudo, permita-se diminuir o ritmo quando se sentir mais deprimido.
  • Simplifique a sua rotina. Tente reduzir as suas obrigações, sempre que possível, e organize o seu tempo de maneira estruturada. Planeie o seu dia e utilize listas de tarefas para se manter organizado.
  • Escreva um diário. Registar os seus pensamentos pode ajudar a melhorar o seu humor, permitindo que expresse emoções como raiva ou medo.
  • Procure leituras de autoajuda. Peça recomendações ao seu médico, ou psicólogo, sobre livros ou sites que possam ser úteis.
  • Mantenha-se ativo socialmente. Evite o isolamento e tente participar de atividades sociais, encontrando-se regularmente com familiares ou amigos. Participar em grupos de apoio pode ser uma boa maneira de partilhar experiências com pessoas que enfrentam desafios semelhantes.
  • Aprenda técnicas de relaxamento e controlo de stress, como meditação, yoga, relaxamento muscular ou tai chi.
  • Evite tomar decisões importantes quando se sentir deprimido, pois a sua capacidade de julgamento pode estar comprometida.

Aviso: O Blog Mais Saúde é um espaço meramente informativo. A Medicare recomenda sempre a consulta de um profissional de saúde para diagnóstico ou tratamento, não devendo nunca este Blog ser considerado substituto de diagnóstico médico.

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